terça-feira, 29 de janeiro de 2013

       Ontem meus pais fizeram vinte e quatro anos de casamento e entre  picanhas e cervejas meu pai foi destrinchando a história deles, enquanto minha mãe se dividia entre festejos e cuidados com a filha mais nova adoentada.
      Algumas partes recontadas durante toda a minha vida ainda assim tem sabor e cor...Como por exemplo a forma que se conheceram, as inúmeras namoradas do meu pai, o quanto me desejaram e amaram antes mesmo da concepção...Outras preenchem lacunas de um passado esquecido que nunca vivi, mas que pulsa  nas ligações dos meus cromossomos... Como o primeiro presente do casal, a bebedeira do pai antes do casamento, o ex namorado da mãe e sua personalidade, os primeiros anos de casados em que saiam para a balada de quinze em quinze dias...
     Várias dessas palavras quebraram conceitos que estipulei para mim mesma da relação ideal, do casamento dos sonhos, da construção de uma casa e família...Pude observar nas entrelinhas conselhos que  daria  a mim mesma sobre posturas e vivência a dois:

- Tudo acontece como deve ser, sem acrescentar ou tirar;
- Homem tem que sempre se esforçar para pagar as contas como questão de cavalheirismo ( entendi de onde tirei essa premissa...);
- Quem está ao seu lado hoje não necessariamente será a que estará ao seu lado por anos a fio, depende de uma escolha diária;
- Filhos não atrapalham casamento, mas o casal tem que ter um tempo só seu;
- A promessa no altar é colocada em prova a cada instante e apenas quem tem coragem é capaz de enfrentar de mãos unidas a doença e a pobreza, as privações de certos meses e o sol a pino;
- Deus tem que ser o centro de um lar, pois sem Ele tudo desanda;
- Os filhos tem que ter liberdade para falarem tudo aos pais ao mesmo tempo em que devem escutar seus conselhos;
- Uma nova família não sobrevive se ouvir toda e qualquer opinião externa sem ponderar;
- Tem que haver romance, entrega e fazer valer a pena a cada dia, mesmo que em dias sombrios o que mova sejam lembranças.

        Talvez eu nunca me case, mas caso o faça quero ter como espelho também a coragem, o amor, esperança e fé dos meus novos velhos ( já que minha mãe está na casa dos 40 e meu pai dos 50)...



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Observação.


               -Seu moço desculpe a não linearidade das idéias, o tropeço das letras e o emaranhado dos pensamentos.




                Um comentário machista rasgou minha boca "Deus não dá asas a cobras, porque se eu tivesse nascido homem..." partiu de um impulso como por justificativa a tantas canalhices que vejo e não canso de escutar.Comentário indefeso rodeado de risadas femininas e olhares afirmativos. Mas o porquê desejar ser como certos homens? Em que parte da infância, adolescência ou juventude permiti a sobreposição do pessimismo e confirmei a inversão de valores apregoados nas novelas?

  
                Será que um eu homem agiria assim? Garanhão? Pega geral? Passa o rodo? E outras gírias mais atuais ( que não conheço, insisto a usar as antigas)? As feministas que me desculpem, mas quero homens menos saidinhos sim! 

                A verdade "libertadora" esclarece: quem faz o homem é a mulher. É capaz um sorriso feminino acalentar qualquer coração, abrir portas, conduzir o homem a objetivos concretos de vida ( profissional, espiritual, sentimental... - assim fazem as mães e as esposas ) tanto quanto é possível pisotear sentimentos, menosprezar afeições, podar um homem, torná-lo animal voltado a paixões e prazeres...

            A madrugada as vezes traz a vontade de estudar psicologia ,realizar pesquisas sociológicas ou antropológicas  para compreender as reações humanas diante dos impasses e dificuldades. O que torna alguns (tantos) homens  máquinas de impulsos lascivos? O que faz mulheres vestirem-se no inverno como se estivessem no verão?  Há uma linha cada vez mais tênue entre desejo e perversão...


                "Toda mulher bonita tem autoestima baixa, por isso não tenha medo de chegar em qualquer mulher." Minha risada cortante preencheu o ambiente ao analisar a frase exposta na roda de amigos... Sim, acho que os homens não devem deixar-se aturdir pelo medo na conquista de mulher alguma, afinal o que é bonito para uns é remela para outros e vice e versa. Mas há estigmas sociais  na vida noturna que impedem as mulheres bonitas ou feias ( mas que tem valores ) de se divertirem na noite.

                 Oi, homens? Nem toda mulher gostaria de transar com você na mesma noite, então ,para que se oferecer ou tentar algo do tipo? Aonde se escondeu o cavalheirismo ? Os jogos de conquista? Porque os brasileiros não são como os portugueses? Por volta de sete cafés para dar o primeiro beijo ?

                 E olha que sou bem resolvida: não tenho vergonha de conversar com ninguém sobre nenhum assunto ( a não ser em inglês, conversarei apenas se você não souber outro idioma), não tenho vergonha de propor brindes a desconhecidos, sorrir para pessoas interessantes, dançar, falar alto, mandar bilhetinhos no bar... Atos  que não são sinônimo de "mulher dada que eu posso chegar chegando", mas de pessoas abertas a fazerem amizades antes de parceiros amorosos, que preferem risadas antes de beijos calorosos uma noite só. Mulheres. Eu. Nunca seria homem, prefiro ser mulher e quebrar com os esteriótipos.
                 

              

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rascunho para romper com o abandono


De frente ao espelho ensaio uma linha curvilínea tímida
Nem a fronha moída no balaio pude enganar.
Meu sismar e querer são possíveis espaços pungentes de silêncio
Ranger de dentes ante segredos –  tende ao ócio.
É isso que talvez seja aqui dentro – vazio e espasmo repetido
Penduro na moldura o singelo retrato
Da moça de sorriso enviesado, peito transviado
À procura de repente para brotar semente ( de loucura?) 

quinta-feira, 16 de junho de 2011





Foi ali que te deixei, em meio memórias, sonhos e retratos teus.
Eles me olham de todos os cantos, em meandros e acusações, sorriem irônicos, choram, esbravejam e pedem desculpas. São sonhos loucos, detalhes displicentes do que fomos nós.

Apreendi seus gostos, vontades e não soube te completar. Me isento da culpa, nem eu me completo, aliás, sou antes completa de defeitos e poucas luzes perduram, minha valência.

Sua gargalhada se torna distante, a saudade por vezes diminui e em outras arde, maltrata. Pego punhados de sal e jogo sobre sobre a cicatriz - você em mim.

Já não há mais a imagem viva de velhos em espreguiçadeiras e netos correndo pelo jardim, não vejo mais as brigas e preocupações, nem as confidências e cuidados. Nos faltou tempero, agora rego sua ausência em minha carência.

Arroz e feijão não me saciam.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Nossos caminhos se cruzaram em algum lugar






Em meu cismar e sem presunção queria um pedaço seu revelado ao meu coração. De buscar dados em lembrancas e arquétipos muito não encontrei, apenas sua voz forte e sua certeza.
Meus olhos mergulharam em alegria, o que te percebo é o simples e o fato:

Gestos singelos de amor ao maior Amor.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lírios florescem em seu sorriso tímido

Eu sou toda perplexa de seu aroma e trejeitos.

Arrumo o travesseiro para te aconchegar,

zelo seus sonhos e desejos para não te apavorar

E te conduzo ao mar dos afetos:


Deite-se, deixe-se aquietar

Há muitos segredos para dividirmos agora.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O olhar entristecido procura algo no horizonte
encontra aturdido uma luz ao longe:
eram chagas fulgurantes, lágrimas pungentes
O amar constante.

Em sua fraqueza errante os olhos já não mais se perderam
sustentaram junto ao peito arfante
as poucas certezas apreendidas

Eram nada mergulhados em preocupações humanas
E tudo nos mistérios misericordiosos.