Algumas partes recontadas durante toda a minha vida ainda assim tem sabor e cor...Como por exemplo a forma que se conheceram, as inúmeras namoradas do meu pai, o quanto me desejaram e amaram antes mesmo da concepção...Outras preenchem lacunas de um passado esquecido que nunca vivi, mas que pulsa nas ligações dos meus cromossomos... Como o primeiro presente do casal, a bebedeira do pai antes do casamento, o ex namorado da mãe e sua personalidade, os primeiros anos de casados em que saiam para a balada de quinze em quinze dias...
Várias dessas palavras quebraram conceitos que estipulei para mim mesma da relação ideal, do casamento dos sonhos, da construção de uma casa e família...Pude observar nas entrelinhas conselhos que daria a mim mesma sobre posturas e vivência a dois:
- Tudo acontece como deve ser, sem acrescentar ou tirar;
- Homem tem que sempre se esforçar para pagar as contas como questão de cavalheirismo ( entendi de onde tirei essa premissa...);
- Quem está ao seu lado hoje não necessariamente será a que estará ao seu lado por anos a fio, depende de uma escolha diária;
- Filhos não atrapalham casamento, mas o casal tem que ter um tempo só seu;
- A promessa no altar é colocada em prova a cada instante e apenas quem tem coragem é capaz de enfrentar de mãos unidas a doença e a pobreza, as privações de certos meses e o sol a pino;
- Deus tem que ser o centro de um lar, pois sem Ele tudo desanda;
- Os filhos tem que ter liberdade para falarem tudo aos pais ao mesmo tempo em que devem escutar seus conselhos;
- Uma nova família não sobrevive se ouvir toda e qualquer opinião externa sem ponderar;
- Tem que haver romance, entrega e fazer valer a pena a cada dia, mesmo que em dias sombrios o que mova sejam lembranças.
Talvez eu nunca me case, mas caso o faça quero ter como espelho também a coragem, o amor, esperança e fé dos meus novos velhos ( já que minha mãe está na casa dos 40 e meu pai dos 50)...