quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quinquilarias

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Tentei esboçar palavras em um pedaço qualquer de papel
, as letras borrões não se fixaram, sujaram a mão.

Ascendi um cigarro, não sei tragar.
O isqueiro tremia entre os dedos e as chamas consumiam meu olhar, procurei apoio no horizonte afim de repousá-lo, canto algum me acolheu.
Em vão rasguei cartas e perdurei meu silêncio.

O velho baú segreda nossos sonhos, risos e beijos esquecidos.
Não mexa em coisas empoeiradas, caso tenha alergia. Minha alma coça, há feridas em todo o lugar.
Sim,você me fez um filho: o medo (de tudo, até do suicídio).

Menino, não chore, vem logo, fique entre os gritos e palavrões de seu pai.
O vazio paira, meu peito é remendado.
Se preciso de outro? Pago!
Fumo meus sentimentos torpes e escondo o gosto com um vinho vagabundo e alguns entorpecentes.
Uma lágrima cai, a alegria rompeu o acaso, revivi.


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As cartas, joguei fora, como o amor dado. Há um papel de bala, coisa de adolescente ainda imaturo, guarda tudo. Desde folhas secas, rosas entre livros, poesias sem sentido, pedras do nosso caminho, do quê serviu? Não pude resguardar o gosto do beijo e o calor do abraço.

Ah!Sim! Uma foto resistiu ao fogo: seu sorriso de canto dizia entre dentes, nada adiantará , sempre serei uma sombra no seu passado, algo a se lembrar.

Os anos não apagam magoas, seus gritos pairam no ar.

Por favor, deixo aqui as quinquilharias que restam de nós, leve e sumiço! Senão dou ao próximo mendigo, esmolas. Deixe as boas lembranças, seu lado príncipe, do carrasco abro mão!

Acordei com saudades de ti, dormirei e esquecerei.

Certas coisas, graças a Deus, não voltam jamais.

Se serve de consolo, para você sempre haverá a descarga prometida!