segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Influenciada por algo de G. G. Márquez.

Sentou-se na rede como de costume, com um livro em uma das mãos, uma maça na outra e o pensamento distante de tudo o que era palpavél, tentou se concentrar nas linhas que mais pareciam borrões e seu esforço máximo culminou com uma lágrima sem motivo ou intenção, apenas sentia o peso em todas as mínimas partes de seu corpo.
Atirou-se a escrita de poesias tristes e pensou em como o mundo já estava esgotado de tantos martírios.
Deu-se então a práticas insalubres de dormir de madrugada apenas pensando ao acaso, emocionou-se algumas vezes com uma música clássica, com algumas palavras e com o perfume da dama da noite na casa do vizinho.
Extremamente só em uma quietude de temperamento, passeando pela casa e pelas horas sem se atentar com o passar da vida.
Repetia a rotina insone, dormindo quatro horas por noite, lendo romances na rede e degustando os desejos repentinos de seu paladar, no fundo tudo era preto e branco, não amanhecia, não anoitecia, era como se tivesse sido contaminada pela peste dos males do mundo, pela tristeza incabivel de certos poetas a beira do amor.
Um dia como qualquer outro sem saber se era sol ou era noite deitou-se no ataúde ainda viva e descobriu na morte a única certeza de sua existência, desde sempre a cada respiração ou palavra era consumida pouco a pouco pelos vermes e mentiras, a morte era a vida como a vida tinha sido sempre a morte.
Incrivel são os fatos de alguns vizinhos ainda ouvirem a rede balançando às vezes e a dama da noite nunca mais ter perfumado o ambiente dos vivos, já os mortos rejubilam-se pelo cheiro a perseguir o espectro da branca moça por onde passa.