quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sistematizo as impressões dos meus dias, meu tempo em falta, as angústias em greve e a sinusite mais de mês instaurada em minha face. Como uma boa neurótica, guardo com estima todas as coisinhas minúsculas ( fonte de agonia ou gozo), as palavras cortantes dos livros que não entendo - às vezes sou meio analfabeta, funcional apenas. Em caixas de diversas cores e tamanhos, recalco meus instintos, desejos de fêmea, mãe, menina ou de uma forma turva, sem contornos, escondida, julgo alma. Aonde está a chave meu Deus?! Engoli no almoço de ontem ou nas refeições descontroladas. Há uma coisa incomoda nisso tudo, algo que não me deixa prosseguir [ não é o homem que chora por um olho só da tragédia rodriguiana, não é o veneno ou o malfeitor de certas tramas] é meu eu, meu superego em marteladas constantes, em cobranças infindas.
Esqueci de esquecer as limitações, comi letras em voz alta por uma ansiedade desmedida, cantei mentiras de Adriana Calcanhoto com voz de cabeça anasalada e me perdi nesses pensamentos que não trarão nada de novo - ninguém.
Não, não sofro de tristeza, me recrimino demais, me cobro demais, não consigo analisar Muholland Dr. sem ser subjetiva. Sistematizo tudo, intitulo pela minha percepção, enlato e guardo, sou neurótica, às vezes perversa, psicótica, como qualquer outro. O que me salva no fim do semestre são os momentos únicos de SILêNCIO, calmaria, interno e externo, aqueles marcam todo o resto do dia. Começarei a sublimar meus infortúnios e alegrias, antes de esquecer de lembrar de mim.

"Silêncio. No hay banda. It's an ilusion. Silêncio."