quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Considerações não inteligentes.

Engraçado como na vida, infelizmente acabamos nos afastando do que realmente faz sentido e possui verdadeira importância. Esse ano, por exemplo, me enchi de afazeres, acordava todos os dias às 6:00 para dormir 00:30, me afastei de minha família ( algo extremamente novo, já que como uma recém adulta ou uma adolescente ainda, sempre fui acostumada a conviver pelo ao menos meio período ao lado deles ), percebi a decadência de minhas relações humanas: convivendo com centenas de pessoas por dia, mas apenas com uma ou duas mantendo um contato quase não superficial, percebo que ainda sou estranha neste novo universo pós ensino médio.
Mas o caso é, ontem o natal caiu no meu colo de repente, sim, sim, há pelo menos dois meses havia propagandas consumistas ao extremo voltadas para este dia, luzes iluminam a capital todo, a explanada tem uma árvore maravilhosa que dentre outras coisas faz propaganda política...Diferente dos outros anos eu não me emocionei nem um pouco, tornei-me progressivamente mais gélida ( por isso usei tantas meias para conseguir dormir este mês ) e quando dei por perdido todas as antigas expectativas, alegrias da criança que até os treze anos acreditava no bom velhinho, algo aconteceu.
Pelo evento natalino, resolvi me confessar semana passada e depois de um ano sem comungar o fiz na missa de natal e bem lá no fundo pensei na minha hipocrisia, na hipocrisia do mundo, contudo em meu silêncio apenas agradeci a presença de Deus, mas eu pensava " hoje, não parece Natal.", saí da igreja, fui para casa da minha madrinha e lá me deparei com algo diferente, a única decoração que havia era uma árvore com enfeites vermelhos, estranhei um pouco, eu, acostumada às decorações luxuosas da família do meu pai e de uma mais caprichada na mesma casa todos os anos e me questionei novamente sobre a vinda de Jesus.
Iniciou-se cedo a ceia, dezoito crianças na casa, dentre elas primos, irmãos e amiguinhos dos primos menores, todas correram para pegar seu prato, mas esqueceram de algo essencial, como sou chata mesmo, nasci para ser assim falei quando todos já estavam à mesa: " Então pequenininhos, o que é hoje? Sim, o Natal. O que aconceteu hoje? Então vamos agradecer o alimento que estamos recebendo nessa noite? Eu falo e vocês repetem.", comecei a oração simples que meu avó fazia ainda vivo e o coro infantil foi me acompanhando. Pode parecer realmente tosco esse relato, sentimental demais, corriqueiro demais, mas quando ouvi as vozes meu coração estremeceu de alegria, a inocência estava rezando!
Logo após, ainda antes de meia noite, ouve troca de doces entre as crianças através de um amigo oculto improvisado em que os pequinininhos entregavam logo dizendo " minha amiga(o) aculto está com a roupa tal e o lacinho tal...", explosão de felicidade com os doces, começaram a correr pela casa brincando de super-herois, foi a deixa para os adultos organizarem os presentes na àrvore, minha irmã caçula vestiu-se de mamãe noel e recebeu o encargo de entregar a cada um o que lhe fosse. TODOS OS PRESENTSES IGUAIS. Mesmo assim, com besteirinhas, como boneca e homem-aranha os sorrisos estavam escancarados, os olhos brilhando e os gritos de alegria nos quatro cantos. Tudo capitalismo, eu sei.
Abandonei a casa de maioria criança para festejar a ceia natalina na casa dos pais de meu namorado, apenas uma criança na casa dele e igualmente feliz. Não pude deixar de analisar essa euforia infantil e caiu a ficha: Jesus nasceu em meio animais, seu primeiro leito foi uma mangedoura, deu-se por inteiro, rebaixou-se para a nossa salvação e eu pensando na decoração?! Enquanto as crianças lá de casa ficavam felizes com doces, com um papi noel de mentirinha e lembrancinhas. Rezavam com simples amor e respeito. Percebi o quanto é díficil manter vivo o verdadeiro espírito desta data, o verdadeiro significado, acabamos todos inclusos em uma redoma material e deveriamos ser simplesmente como aquele momento da comunhão e da oração, simples, mas entregues e realmente felizes.