sábado, 6 de dezembro de 2008

As imagens guardaram- se nas caixas vazias da minha inteligência, impregnaram suas cores na rotina absurda dos sonhos ( quem disse sonho ser preto só? ) , viraram estigmas de uma mente criadora. A criatividade deixou-me lixo e cartões de todos os tipos - ainda não tive coragem de abrir, na parede um bilhete em sangue púrpura "De tanto tentar parecer pereci em suas entranhas". Sou amorfa agora. Claro! Quem sem criatividade vive sem ser tomada, bombardeada por todos os cantos? Batalha de perdidos. Não há proteção.
O pão do café da manhã surtou no copo de leite e no meu estomâgo tornou-se âmago de um cotidiano rastejante. Tomei remédio, água oxigenada, forcei o vômito, comi chocolate e nada - o gosto amargo na saliva ficou e ninguém quis o beijo, ninguém quis me salvar, acharam-me velha demais para os contos de fada e vestidos rodados. Cismei com meu medo, minhas vertigens, apreços e descobri - por mais que fuja, esconda ou varra há sempre o eu do meu não desejo, do meu não saber - é o comer: as propagandas insanas da tv, os restos da gordura dos meus pratos preferidos, os elogios dos amigos, minhas auto-criticas, as cores, os cheiros, os segredos de todos os olhos (passaram, choraram, riram e me esqueceram).
Por enquanto mesclo incertezas e nudez como ácido para libertar-me do tédio, agitação inquieta de todo eu ( de tudo ).