quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Quarta parede

O pior de tudo é viver a vida assim - mero espectador
Natural por favor, real e com razão!
Preso em parâmetros sociais indignos.
Comprar bilhetes para a primeira fila
Rir descaradamente da desgraça, alheia
Aceitar tudo - até a mídia
Alien ( ada / ante )
E no final voltar ao casúlo
Jamais rever certos rostos...
resumo de capacidade:
Observar a ação
Não ser parte ativa
Mas emotiva.

Caso esbarre com meu eu atriz na vida não reconheço
Certas vezes esqueço os jogos sociais- culpa das vorazes tosses pela platéia.

domingo, 26 de outubro de 2008

Livramento



Sábado, 20 de Outubro, meia noite, uns goles à mais, algumas drogas ilícitas e um carro no laguinho de um condomínio de classe média na capital do país. O motivo?! Um caso de amor. Em seu amor cego, J.C não hesitou em tentar matar-se, mas mal sabia ele: poderia ter tirado a vida de mais seis jovens apaixonados.
Estes conversavam distraidamente três minutos antes da ação sem medida, estavam sentados em bancos à observar o romantismo da noite, por sorte, as garotas sentiram frio e mudaram o posicionamento: foram aconchegar-se perto da parede.
J.C., branco, alto, estudante de Ciências Sociais, com um black power de respeito e dezoito anos nas costas atravessou desvairado o lugar onde antes estavam pessoas alheias ao seu sofrimento. Deus livrou à todos, garanto. O rapaz teve sorte de encontrar o lago seco e pessoas que ligassem pedindo auxilio, os casais enxergaram o quanto a vida é volátil e o mais importante:
é preciso amar-se antes de amar o outro.

O aquaman não teve um ferimento sequer, apenas prejuízo financeiro, bom será se tiver aprendido sua lição. A irresponsabilidade poderia ter gerado a tristeza de sete famílias e o desperdicio de vidas insubstituíveis. No meu egoísmo eu me perguntei o porquê de ele não ter usado uma faca ou pulado de uma ponte, mas logo me dei conta: de todos os males o melhor, jogou-se em um lago seco, não matou ninguém e não conseguiu se matar ( será que ele está se sentindo frustrado?!) , torço para que ainda esteja vivo, inclusive.

Recado à J.C.: Relacionamentos vão e vêm, por favor, mantenha-se vivo para vivê-los!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pensei na espiral, na vida como um constante progredir e estagnar. O ser humano alheio às suas próprias limitações, alienado em suas ações corriqueiras. Não há como sair, tudo volta ao mesmo ponto, ao mesmo conflito. Preso entre teias do descaso, de suas próprias crenças, status social e econômico, em suas escassas e falsas companhias: afinal, o que importa é o umbigo. Descobri o efêmero no cotidiano, ação e reação de corpos presentes, mas intactos - não há como alcançar o outro dentro de nossas paredes frias e do nosso frágil paradoxo sem argumento. Cansei. Deveria chorar por isso?!

sábado, 18 de outubro de 2008

Sem nenhum cunho social. Apenas ego.


" As nuvens são cabelos crescendo como rios." J. C. de Melo Neto

O calor me enlouquecia , talvez fosse o corpo dele ou a secura. O fato é: encarei a água gelada, mergulhei de cabeça. Dentro da piscina descobri no marasmo o vai e vem das ondas em meus cabelos, a densidade desse ente querido e pensei o quanto eu era fútil, mas verdadeiramente feliz por parar um instante e com meu corpo todo ser aquelas mechas despreocupadas, bailando sem me importar com o que haveria de vir. Qual sereia na minha infância. Enlou cresci.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sobre burrice

Para R. S.

"Odeio ser burro" dizia entre dentes.

Vejo a burrice daquelas palavras. Me pergunto o que é a burrice afinal? Alienação? Decisões tomadas em horas erradas? Persistência inconsistente?

Os burros são animais tão inteligentes, só empacam um pouco, nunca entendi essa associação.

Olho para ele e só consigo ver um ser humano repleto de funções cognitivas, de mangas arregaçadas e com tanta garra para viver! Analiso sua postura, seu jeito doce de cativar e nada em seu físico me lembra gigantes orelhas, o tom de sua pele não é acinzentado! Pode ser o som... É ele imita sons como ninguém! Dizia que era uma criança solitária.

Imagino esse menino, sozinho, deitado imitando tudo o que ouvia, tudo o que sentia, passeando por todos os cantos do mundo com sua imaginação e sonhando alto. Só encontro talento, força de vontade e simpatia.

É um pai como outros não conseguem compreender, é um artista nato, é um amigo incrível, cadê o burro, então?!

Acabei de descobrir:

Sou burra e sem talento.
As palavras me disseram - as que ouvi.
As comparações me confirmaram - as que fiz.

Simples assim.

Sem intervenção.



Azulejo em pedaços sobre a cama - fria
Revejo nossos passos
Só calos e maresia

-De onde veio tanta areia?!

Escavar raso
Na beira da praia seu grito e insônia
As palavras no caso
São o mínimo - agonia

-Sua pele tem cheiro de brisa.

O sol profuso do meio - dia
Desfalece ao acaso.
No canal cais não havia
Nem o barco, nem os ossos
Por favor, não ria.

As sereias deram a deixa
Me prendi no mastro
Por favor, pare de queixa
Quero apenas estar:
No vazio
Ou em seus lençóis
Macios.

Foto por Kauê R.

domingo, 12 de outubro de 2008

Viva a padroeira do Brasil!



" Ave cheia de graça, bendita, sejas mãe. Te amo com amor eterno, sincero, de coração. Quero então colocar minha vida em suas mãos. Sentir que podes guiar-me mãezinha com a tua proteção...Eu quero deixar que teu plano em mim, possa realizar sem limitações e quero tentar, sem porém saber ser um pouquinho do que tu és..."